CUIDADO
COM O VOTO PARA DEPUTADO: NÃO VOTE NO GATO E ELEJA A LEBRE
Caramuru Afonso Francisco*
Aproxima-se a data das eleições gerais deste
ano de 2014, eleições importantíssimas, onde o Brasil deverá
decidir se continua sendo um Estado Democrático de Direito ou se dá
amplos poderes ao segmento que já nos governa há doze anos,
permitindo-lhe que consolide e institua em nosso país, provavelmente
de forma irreversível, um regime político ditatorial baseado em
valores anticristãos e antidemocrático.
Um ponto importante nestas eleições
gerais é a eleição dos deputados federais e dos deputados
estaduais, questão esta que é, infelizmente, sempre deixada em
segundo plano, diante dos embates que cercam a eleição do
Presidente da República e dos Governadores dos Estados e do Distrito
Federal.
Recentes pesquisas eleitorais
mostram que, há pouco mais de vinte dias das eleições, apenas um
oitavo dos eleitores (12,5%) já escolheram seus candidatos a
deputado federal e a deputado estadual, o que é algo muito ruim,
visto que são estes os que deverão fiscalizar tanto o Presidente da
República quanto os Governadores, sendo os principais responsáveis
pela elaboração de leis. Não é à toa que é no Poder Legislativo
que vemos hoje a maior ineficiência e o maior distanciamento entre o
povo e os nossos governantes.
Um dos problemas desta falta de
representatividade e de fonte de diversos problemas que hoje vivemos
é, sem dúvida, o sistema estabelecido para a eleição dos
deputados, o chamado “sistema proporcional”, que gera esta
desvinculação entre o povo e os deputados que são eleitos,
desvinculação que facilita a cooptação por parte dos que são
eleitos no Poder Executivo e que fazem com que os parlamentares se
tornem irrelevantes e que não sintam a pressão popular.
Segundo este sistema, os deputados
eleitos não são os que têm maiores votos, mas, sim, os que são os
mais votados em cada partido ou coligação de partidos que disputam
a eleição.
Expliquemos melhor.
Os partidos políticos, sozinhos ou
agrupados em coligações, escolhem seus candidatos e, para
determinar quem é eleito, é, em primeiro lugar, estabelecido o
chamado “quociente eleitoral”, que é o resultado da divisão
entre os votos válidos para deputado (federal ou estadual) e o
número de vagas de deputado que estão em disputa.
Assim, por exemplo, no Estado de
São Paulo, há 70(setenta) vagas de deputado federal. Assim, para
determinar quem será eleito, em primeiro lugar, verifica-se quantos
votos válidos houve e se fixa o quociente eleitoral. Digamos que, na
eleição, tenha havido 7 milhões de votos válidos para deputado
federal, então o quociente eleitoral será 100.000 (cem mil), que é
o resultado de 7 milhões dividido por 70.
Depois de verificado o “quociente
eleitoral”, então se verifica quantos votos teve cada partido ou
coligação de partidos, quando, então, é definido o número de
vagas que cada partido ou cada coligação de partidos terá e, só
então, se definem os eleitos, que são aqueles que ocupam as
primeiras posições em cada partido ou coligação de partidos, de
acordo com o número de vagas que cada partido ou coligação obteve.
No exemplo que demos, por exemplo,
se um partido ou coligação tiver tido 200.000 (duzentos mil) votos,
terá eleito 2 (dois) deputados federais, que é o resultado da
divisão entre 200.000 e o quociente eleitoral, que, no exemplo que
demos, foi de 100.000.
Digamos que o candidato mais votado
deste partido ou coligação tenha obtido 30.000 (trinta mil) votos,
ele será eleito não porque teve 30.000 (trinta mil) votos, mas
porque foi o que ficou em primeiro lugar naquele partido ou coligação
que conseguiu eleger 2 (dois) candidatos.
Na eleição para deputado,
portanto, não importa quantos votos a pessoa tenha obtido, mas a
posição que ela tem no conjunto de candidatos de seu partido ou
coligação, de acordo com o número de vagas que o partido ou
coligação teve, segundo o quociente eleitoral.
Por isso, não basta escolher uma
pessoa para votar para deputado, mas verificar quem são os outros
candidatos do mesmo partido ou coligação, pois corremos o risco de
votar em uma pessoa e acabar ajudando a eleger outra, pessoa,
inclusive, que tenha pensamentos, valores e ideias totalmente
contrários aos nossos.
Não basta escolher a pessoa quando
formos votar para deputado (federal ou estadual), é preciso saber a
que partido pertence e se este partido está reunido a outros numa
coligação e verificar quem são os outros candidatos deste partido
ou desta coligação, pois nosso voto também será computado para
ajudar a eleger estes outros candidatos.
Em 2010, por exemplo, no Estado de
São Paulo,o deputado federal mais votado foi o palhaço Tiririca,
que foi lançado pelo PR (Partido da República). Tiririca obteve
1.353.820 (um milhão, trezentos e cinquenta e três mil, oitocentos
e vinte) votos. Muitos dos que votaram nele foram pessoas indignadas
com os escândalos que envolviam os políticos, em especial o
“mensalão”. No entanto, estas pessoas não perceberam que o
partido de Tiririca estava coligado com o PT (Partido dos
Trabalhadores) e seus eleitores ajudaram a eleger, votando em
Tiririca, em três “mensaleiros”, a saber, os hoje ex-deputados
Valdemar Costa Neto (que era do mesmo partido de Tiririca, o PR) ,
João Paulo Cunha e José Genoíno (estes dois últimos do PT). Ou
seja: quem votou “protestando” contra os escândalos, acabou
elegendo precisamente os responsáveis pelo escândalo.
Devemos, portanto, ter muito
cuidado na hora de votar para deputado, pois, muitas vezes, estamos
votando no “gato”, mas elegendo a “lebre”. Estamos votando em
uma pessoa, mas elegendo outra.
Para complicar, é possível que um
partido esteja numa coligação nas eleições para deputado federal
e em outra coligação nas eleições para deputado estadual, de modo
que é preciso verificar cada caso separadamente.
Por isso, não vale a pena votar em
um conhecido ou amigo de um conhecido, que sabemos que não tem
qualquer chance de ganhar, apenas por “amizade”, pois esta
“amizade” pode ajudar a eleger uma pessoa corrupta, envolvida em
escândalos, que contraria os nossos valores cristãos.
Para escolher o seu candidato a
deputado (federal ou estadual), não basta, pois, verificar quem é a
pessoa, é preciso saber a que partido ela pertence e se o partido
está em alguma coligação, bem como verificar quem são os outros
candidatos deste partido ou coligação, para só depois tomar a
decisão, pois podemos estar ajudando a votar num inimigo do
Evangelho.
* Evangelista da Igreja Evangélica
Assembleia de Deus – Ministério do Belém – sede – São
Paulo/SP e colaborador do Portal Escola Dominical
(
www.portalebd.org.br).