
Imóveis: vender, alugar ou investir durante a pandemia?
Especialistas apontam riscos e
vantagens em operações no mercado imobiliário durante crise do coronavírus.
A crise econômica
resultante da pandemia do novo coronavírus acende diversos alertas no mercado
imobiliário. A compra, a venda ou o aluguel precisam ser
bem analisados, já que algumas opções podem ser mais atrativas do que outras, a
depender da situação e o objetivo de cada pessoa.
O professor Michael Viriato, do
Insper, avalia que o momento não é propício para vendas, uma vez que os preços
tendem a cair em contextos de crise. Em contrapartida, para quem tem dinheiro
para investir, essa é a oportunidade de fechar uma boa compra.
Num cenário de investimento, o
coordenador do curso Desenvolvimento de Negócios Imobiliários da Fundação
Getúlio Vargas (FGV), Alberto Ajzental, explica que aplicar o dinheiro de uma
venda em caderneta de poupança, por exemplo, não supera o retorno que uma
locação de imóvel pode trazer. “É melhor ter o aluguel como renda fixa, porque
as opções de (reinvestimento) são muito arriscadas.”
Os sintomas de instabilidade da
crise já começam a ser sentidos pelo mercado. A plataforma Kzas, criada
no final de 2019, notou uma diminuição no volume de buscas no início da
pandemia – em março no Brasil. Já nas últimas duas semanas de abril, a procura
foi retomada. “Vínhamos dobrando o volume de visitas e vendas desde dezembro, e
em março houve uma estabilização. Nas últimas duas semanas, percebemos uma nova
melhora, fazendo uma média de duas vendas por semana”, diz Eduardo Muszkat, CFO
da startup.
A imobiliária Lopes observa redução tanto das vendas como das locações. A impossibilidade de visitas pesa neste resultado, por isso a empresa aposta no digital. Márcia Escórcio, de 54 anos, realizou uma compra com a imobiliária logo após a venda do seu antigo apartamento, entre março e abril.
A imobiliária Lopes observa redução tanto das vendas como das locações. A impossibilidade de visitas pesa neste resultado, por isso a empresa aposta no digital. Márcia Escórcio, de 54 anos, realizou uma compra com a imobiliária logo após a venda do seu antigo apartamento, entre março e abril.
Para ela, a expectativa era de
preços menores. “Eu tive flexibilidade (com o meu comprador), considerando a
situação (de crise). E no caso dos meus vendedores eu acho que eles não usaram
o mesmo critério”, avalia.
O Estado ouviu especialistas sobre os riscos e as
vantagens antes de qualquer decisão no cenário atual. Confira a seguir.
É seguro investir em um imóvel na
crise?
Adquirir um imóvel neste momento é um bom investimento, mas é necessário
uma pesquisa profunda em busca de opções. A busca, inclusive, vem sendo
facilitada pelas empresas que apostam no digital para fechar negócios online.
“Como em todos os momentos de crise, você pode encontrar situações
interessantes para fazer uma aquisição com preços bastante reduzidos. Isso está
acontecendo. Algumas pessoas precisam de dinheiro e acabam vendendo pelo preço
que tiver”, diz Roberto Vertamatti, diretor executivo da Associação Nacional
dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
O professor Viriato, do Insper, esclarece que deve investir na aquisição
de imóveis quem possui muito capital disponível para comprar à vista, porque,
com isso, tem-se poder de barganha. Do contrário, o comprador que precisar
adquirir uma dívida alta e de longo prazo deve ter em mente o risco de
demissões devido à economia fragilizada. Na avaliação dele, a alternativa mais
vantajosa de investimento para quem possui dinheiro disponível são os fundos
imobiliários, porque “você tem desconto, menor risco e liquidez”.
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